segunda-feira, 25 de abril de 2011

Documentário sobre Dominguinhos começa a ser rodado

A novidade mesmo da reportagem está no último parágrafo: o filme começou a ser gravado e deve ser lançado em 2012!


Dominguinhos ganhará documentário
Por Patrícia Colombo (site da revista Rolling Stone - 23/04)

Mestre da sanfona terá longa-metragem a seu respeito, elaborado por Mariana Aydar, Duani e Eduardo Nazarian; Dominguinhos, Volta e Meia será lançado em 2012

A cantora Mariana Aydar, o músico Duani e o compositor Eduardo Nazarian estão preparando um documentário sobre Dominguinhos, intitulado Dominguinhos, Volta e Meia.

Dirigido por Felipe Briso, o filme apresentará a trajetória deste que é um dos maiores nomes da música nacional, contando com entrevistas e encontros musicais com diversas pessoas que foram importantes na vida do artista. "Estamos fazendo o máximo para que seja um documentário à altura dele", disse Mariana, à Rolling Stone Brasil. "Queremos mostrar a universalidade do Dominguinhos, que apesar de ser esse cara regional, está em todo lugar. Uma pessoa que nunca abandonou a sanfona, nunca abandonou o forró, nem a devoção por Luiz Gonzaga."

De acordo com comunicado oficial, o primeiro da série de encontros aconteceu nesta semana, com João Donato. Dominguinhos e ele tocaram "Plantio do Amor" (Dominguinhos) e "Minha Saudade" (João Donato), que contaram com arranjos especiais. "'Plantio do Amor' aparece com arranjo que a aproxima da sonoridade dos anos 60, do Beco das Garrafas, que remete aos trios de sambajazz. Já em 'Minha Saudade', a sanfona de Dominguinhos confere um gosto inusitado ao que seria um tema de bossa nova", explicou Nazarian, por meio de texto enviado à imprensa. Hermeto Pascoal, Lenine, Gilberto Gil e Elba Ramalho também participarão do documentário.

A equipe começou a trabalhar no projeto há quatro anos, mas só agora conseguiu a verba necessária para a realização, por meio do Edital Nacional Natura Musical. A produção fica a cargo da bigBonsai e o filme deve ser lançado no primeiro semestre de 2012.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Chico César causa polêmica ao criticar “forró de plástico”*

por Fernanda Fahel


O músico Chico César causou grande polêmica ao fazer um comentário sobre os artistas de sucesso participantes do “Maior São João do Mundo”, em Campina Grande, na Paraíba. Atual secretário estadual de Cultura daquele estado, o artista afirmou que o governo não apoiaria a presença de “bandas de forró de plástico” no evento junino. Por meio do termo, Chico se referia a bandas como Aviões do Forró e Magníficos, que são sucesso de vendas e lotam os shows.

O músico sofreu diversas críticas pela declaração, inclusive do secretário de Desenvolvimento Econômico de Campina Grande, Gilson Lira, mas manteve sua opinião. Em nota oficial à imprensa, Chico César defendeu que o Governo precisa valorizar os artistas menos populares. "Não faz muito tempo vaiaram Sivuca em festa junina paga com dinheiro público aqui na Paraíba porque ele, já velhinho, tocava sanfona em vez de teclado e não tinha moças seminuas dançando em seu palco", escreveu o músico e secretário.

Por conta da polêmica, o artista foi parar dos Treding Topics brasileiro do Twitter. Leia a íntegra da nota de Chico César:

"Tem sido destorcida a minha declaração, como secretário de Cultura, de que o Estado não vai contratar nem pagar grupos musicais e artistas cujos estilos nada têm a ver com a herança da tradição musical nordestina, cujo ápice se dá no período junino. Não vai mesmo. Mas nunca nos passou pela cabeça proibir ou sugerir a proibição de quaisquer tendências. Quem quiser tê-los que os pague, apenas isso. O Estado encontra-se falto de recursos e já terá inegáveis dificuldades para pactuar inclusive com aqueles municípios que buscarem o resgate desta tradição.

São muitas as distorções, admitamos. Não faz muito tempo vaiaram Sivuca em festa junina paga com dinheiro público aqui na Paraíba porque ele, já velhinho, tocava sanfona em vez de teclado e não tinha moças seminuas dançando em seu palco. Vaias também recebeu Geraldo Azevedo porque ele cantava Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro em festa junina financiada pelo governo aqui na Paraíba, enquanto o público, esperando a dupla sertaneja, gritava 'Zezé cadê você? Eu vim aqui só pra te ver'.

Intolerância é excluir da programação do rádio paraibano (concessão pública) durante o ano inteiro, artistas como Parrá, Baixinho do Pandeiro, Cátia de França, Zabé da Loca, Escurinho, Beto Brito, Dejinha de Monteiro, Livardo Alves, Pinto do Acordeon, Mestre Fuba, Vital Farias, Biliu de Campina, Fuba de Taperoá, Sandra Belê e excluí-los de novo na hora em que se deve celebrar a música regional e a cultura popular."

(notícia retirada do site Bahia Notícias)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mudando por aqui também*...

Como vocês devem ter percebido, o nome do blog mudou. Eu tinha planos de usar esse nome só num site que estava criando, mas, como não deu certo ainda, resolvi colocá-lo aqui mesmo. Um dos motivos é que descobri – muito tarde, inclusive – que eu estava escrevendo o termo “pé-de-serra” errado. Desde a reforma ortográfica da Língua Portuguesa, que passou a valer no Brasil em 2009, o hífen foi abolido dos “compostos que apresentam elementos de ligação”, como é o caso também de pé de moleque.

Que vergonha, eu sei. Sempre fico mega preocupada com o que escrevo e deixei passar essa... Mas, de certa forma, estou perdoada porque a obrigatoriedade da reforma mesmo mesmo só será a partir de 2012. Teoricamente, estamos ainda numa fase de testes. De qualquer forma, fica a dica: o nosso querido forró pé de serra não tem mais hífen!

Outro motivo que me fez mudar o nome do blog foi a percepção de que ele extrapolou os limites territoriais do Distrito Federal. Apesar de eu ter por tanto tempo priorizado o forró da capital, por ser de lá, tento sempre falar de assuntos que interessam a todos os forrozeiros. E todos os dias recebo mensagens de pessoas do país e do mundo inteiro pedindo ajuda, dando sugestões, fazendo elogios e críticas. Por que não abrir de vez essa fronteira, já que a paixão pelo forró é mundial? (Vou manter só a lista de casas de forró de lá porque ela ajuda muita gente).

Nem preciso justificar a escolha do nome, né? A expressão vem do nome da música do Pinto do Acordeon, grande hino do forró. A ideia original de utilizá-la no filme é do Galton, que o fez comigo, na época em que estávamos gravando. Quem sugeriu o mesmo nome pro blog ou pro site foi o Madruga, ano passado.

Por enquanto, o endereço do blog vai continuar sendo o mesmo. É que ainda não descobri um jeito de direcionar uma página pra outra. Não quero correr o risco de deixar alguém perdido por aí procurando um blog que mudou de endereço.

Sobre os posts, ainda não posso garantir que vou sempre atualizar com novidades. Ultimamente tenho parado para escrever só quando há notícias tristes e sérias (por conta disso evitei criar um post novo só pra dar a notícia de que a Chiquinha Gonzaga, irmã do Rei do Baião, também foi tocar forró no andar de cima há pouco tempo). E também não tenho tido tanto assunto porque me afastei dos forrós (não do movimento).

Mas agora pretendo dar uma utilidade maior ao blog. Prometo pelo menos tentar fazer uma atualização por semana. Podem me cobrar se eu não cumprir!

Se alguém quiser me ajudar, mandando sugestões, estamos aí. Infelizmente não posso fazer posts sobre todos os trios e bandas do país, mas juro que vou tentar criar um espaço para isso em breve. Espero que se acostumem com a pequena mudança. Afinal, lá se vão três anos de "forró pé-de-serra df" e é mesmo difícil a gente se acostumar com o novo...

Um grande abraço a todos e obrigada pelo carinho :)

*O "também" é porque fiz mudanças no meu blog pessoal esses dias...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Despedida de um forrozeiro querido: Álvaro Louzada

Álvaro Louzada - *22/05 - T 01/04/2011
















Eu o vi pela primeira vez no Festival de Itaúnas de 2007. Lá no Arena, ele estava de blusa colorida, bem bonito, assistindo ao show sozinho. Não tive coragem de falar com ele. No Réveillon de 2007/2008 fui para Caraíva e lá fui apresentada a dois baianos muito simpáticos. Ele era um deles, o mais divertido. Dançava xote de nariz colado com todo mundo, dava medo. Mas, por mais colado que estivesse, a dança era extremamente respeitosa.

Naquela viagem, fiz um grande amigo. Engraçadíssmo, ele não parava de cantar ou recitar letras de músicas - quanto mais antigas melhor. Qualquer palavra que alguém dissesse lhe fazia lembrar-se de uma canção. Foi ele que me ensinou que os índios de Caraíva adoravam canetas e que trocavam qualquer coisa por elas. Ganhei brincos e colares lindos nessa brincadeira. Foi ele também que me ensinou a dar passos mais leves quando dançava. Ele era imbatível, o melhor.

Finda a viagem, ele voltou para Salvador e eu para Brasília. Nos encontramos em alguns festivais e em uns papos rápidos no MSN. Um tempo depois ele disse que se mudaria para São Paulo, lugar onde eu também sonhava morar. E em 2010 – vejam como são as coisas – era eu que me mudava pra terra da garoa. E a vida nos aproximou de novo. Nesse último ano de convivência mais intensa, ele passou a me chamar de Caitano e eu o chamava de Louzada.

E essa amizade de sobrenomes passou pelo forró, por almoços muito divertidos no SESC, por passos forrozeiros arriscados num samba, por uma viagem a trabalho para o Rootstock – quando eu o vi nervoso de verdade pela primeira vez, e até assim ele era engraçado. Por causa de seu hábito de ficar arrastando os pés para um lado e para o outro, como se dançasse mesmo sem música, eu e a Cabeluda cantávamos pra ele “pezinho pra frente, pezinho pra trás”, como uns personagens da TV faziam. E como não se lembrar dele falando “uuuu sabor da Bahia!”?

No último carnaval, fui trabalhar na cobertura da folia soteropolitana. Lá, em sua terra, eu o vi pela última vez. Eu estava sozinha até então, mas o encontrei trabalhando, por acaso, no mesmo camarote. Em uma noite, depois de trabalhar muito, ele me acompanhou, a pé, até um camarote que era bem longe. Juntos, fomos rindo das fantasias dos outros, das músicas, seguindo discretamente o trio do Timbalada. Ele me protegeu, me puxou para não correr riscos, cuidou de mim, como um verdadeiro amigo.

Chegando lá, ele entrou sem convite, usando uma credencial de imprensa que nem era dele. Rimos e dançamos juntos por alguns minutos quando o Harmonia do Samba passou tocando uma música antiga do É o Tchan. Tive que ir embora, ele ficou mais um pouco até dar o horário do ônibus passar. E assim nos despedimos e não nos vimos mais. Na noite da última terça-feira, ele me mandou um e-mail pedindo ajuda para um trabalho. De madrugada, enquanto eu respondia o e-mail cheio de gracinhas, ele sofria um grave acidente de moto.

Eu não consegui me despedir de verdade. Não deu tempo de ir ao hospital. Na noite passada, por volta de 1h da manhã, antes de dormir, eu rezei por ele e me esforcei para imaginar a cena em que eu o visitaria com flores nas mãos e ele, rindo, careca por causa da cirurgia, dizia que já estava tudo bem. Mas meu coração não acreditava no que eu queria acreditar. E fui dormir preocupada.

Meu amigo querido, inesquecível, divertido, foi embora na madrugada desta sexta-feira, dia 1 de abril, exatamente por volta de 1h da manhã. Depois de lutar pela vida, ele resolveu ir dançar forró ao som de Luiz Gonzaga, Mestre Zinho, Marinês... Foi levar sorrisos e alegria para o andar de cima. E com a gente ele deixou saudades sim, mas muito mais alegria, que era o que ele tinha de sobra.

Siga em paz, amigo. Seja feliz e fique tranquilo por saber que você deixou um rastro de luz entre nós. Todos somos mais felizes por termos convivido pelo menos um pouquinho com você. Até breve.